28.11.08

pra continuar o sonho...

É tão difícil. Lidar com as pessoas. Saber quem é verdadeiro. Quem é falso. E o teatro muitas vezes engana a gente. Manipula. E quase faz a gente desitir daquilo que a gente mais ama. E de quem a gente mais ama.

Eu enfrento meus moinhos. Mas é díficil não confundí-los com o vento. E de repente, não se sabe mais quem é vento, quem é moinho. Quem está lá porque ama. Quem acredita. Quem confia.

E é muita convivência. Pesada. E é muita crença de que todas pessoas são boas. Porque é pra isso que existe a esperança. E o teatro é a minha esperança. O coração parece que vai explodir. Por muitas lágrimas derramadas. E aquilo que se ama correndo risco.

Se seus olhos ficam mais verdes quando você chora. Eu prefiro eles castanhos. Na moldura da Dulcinéia do meu Quixote. Porque o Quixote é o meu sonho. Eu sou o Sancho. E vou seguí-lo. Sempre.

23.11.08

e eu chorei

Foi lindo.
Acho lindo.
Sentado no banco do Centro Cultural.
Esperando.
Surpresa.
Uma tocadora de flauta.
Um manipulador de bonecos.
E o boneco passava e cumprimentava as pessoas.
E os abençoava.
Punha a mão em nossas cabeças.
Paz.
Arte.
Um pouquinho de alegria.
Senti.
E não contive as lágrimas.
De óculos escuros.
Ninguém me viu.

21.11.08

video da ofélia


Subtração de Ophelia from Bruna De Araujo on Vimeo.

Hamlet. Ofélia. Não tem como eu não falar disso. esse vídeo é lindo. E a solução do cisne eu achei fantástica.

19.11.08

bufão

Um post feliz. Hoje. Porque aprendi com a kémada o que é um bufão e ela me apresentou esse vídeo.

Leo Bassi. Um palhaço que se veste como executivo desde que um "palhaço" começou a vender hamburgueres. Fantástico.

16.11.08

macú

Ontem eu fui no Macú assistir O Rei Lear. Eu me sinto bem lá. Apesar de todas as críticas à escola em si. Muitas verdadeiras. Muitas exageradas. Foi lá. E somente lá que eu decobri o melhor de mim. E pude encontrar pessoas que fizessem parte desse "melhor de mim". Algumas não fazem mais. Outras ficarão pra sempre. Mas o que importa é que todos, todos lá. Fizeram meu sonho crescer. Ainda fazem.

O Teatro 1 é quente. Eu quase desmaei. Mas foi bom. Acho válido ver um espetáculo de escola em que há uma semente de algo bom. Lá tinha. E não era só porque a peça era do meu diretor querido. Mas sim porque você via ali. Em alguns atores. O esforço de fazer um Rei Lear. Rei Lear. Não é fácil. Nunca é. E um Rei Lear no Macunaíma, com mulheres fazendo os papeis masculinos mais importantes. É quase impossível.

A Semente. A semente foi o que importou. Nos olhos de alguns, poucos. E na escola é assim. Uns sabem. Uns não tem certeza. E outros não tem a menor idéia do que estão fazendo lá. Mas isso é o bonito. O bonito é fazer no meio de tantas diferenças. Shakespeare acontecer.

É bom. É bom voltar ao Macú e relembrar. Minha semente. Que germinou. Brotou. E cresce a cada dia.

13.11.08

the lake

Como não se deprimir? Por mais feliz que se esteja. Quando o mote do seu ensaio é uma música assim...

My infant spirit would awake
To the terror of the lone lake....




É a música mais triste do mundo. Não dá pra ficar feliz.

7.11.08

na ponta do pé

E. De repente. Abro uma caixa e tiro minhas sapatilhas de ponta aposentadas há sete anos. Quando saí do Cisne Negro.

A última vez que elas subiram ao palco foi em um grande baile. A Viúva Alegre. Adorava aquela valsa. E adorava dançar. E adoro. Mas hoje não mais como era antes. Na ponta. Sofrendo. Por não ser magra o suficiente. Nem encostar a perna na orelha. Hoje eu danço. Feliz.

Mas a vida é engraçada. Nos faz tirar do báu sentimentos. Recordações. E objetos que guardamos com carinho. Achei que nunca mais ia colocá-las. E eis que elas irão surgir. Na morte da Ofélia. E eu fiquei feliz. Porque ninguém vai se importar se eu sou magra. Se eu tenho colo de pé. As pessoas vão se importar com a cena. Com o meu teatro. Com o significado daquilo.

E depois disso. Minhas pontas poderão se aposentar de verdade. Felizes.

2.11.08

como dói

Como dói essa coisa de processo. E mesmo assim a gente vicia. Quer. Quer se machucar. Quer fazer da vida uma tragédia. Até estourar. Até querer se envenenar. Com o veneno do Rei Hamlet. Que corroí a pele. E doí. Desfigura.

Tenho saudades do Quixote. Cada vez mais.

Queria que já fosse janeiro.

Pros meus moinhos voltarem.

Vai relógio.

Faz o tempo passar.
 
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