29.4.08

dia mágico

O último dia 27 de abril teve para mim um gostinho de vitória. Sensação de estar nesse dia há pelo menos uma semana. O dia do Quixote em Pouso Alegre.

E ele aconteceu. Aconteceu lindamente. Graças ao esforço de muita gente. Graças a força de vontade. Graças a todos que acreditam no Quixote. No espetáculo. Na força que ele parece ter.

O bonito é que. Cada vez que o Sancho vai ao palco. Ele descobre coisas novas sobre ele mesmo. Sobre o espetáculo. Sobre a Aline que ele é. Esse renovar-se é o que faz valer a pena.

Lá estava eu. Teatro Municipalde 1815. Ensaio geral. Foll on the Hill tocando. Não pude me conter. Desabei. Chorei Chorei. Eu. Aline. Porque o Sancho não chora. O Sancho é feliz. Até roubarem o seu ruço querido. Sua alma. Sua razão de viver.

O teatro lindo. O público cheio de vida. Pessoas agradecidas.

Quem agradece são os Imaginários.

Quem agradece sou eu. A todos os verdadeiros imaginários. Que sabem bem quem são.


Imaginários montando cenário no Teatro Municipal de Pouso Alegre-MG

25.4.08

o bobo na colina

Já que o assunto é Beatles...

É Beatles que alimenta minha alma. Me faz seguir em frente. Mesmo que ninguém goste de mim. Eu sigo sozinha na colina. Com a cabeça na nuvem. Falando muito alto. Mesmo que ninguém me ouça.

O sol caindo.
O mundo girando.

Eu não mostro meus sentimentos? Mostro. Sim.
Mesmo que ninguém pareça gostar de mim. Eu não ouço. Eu sei que os bobos são os outros.

De olhos fechados. Sigo meu sonho. Com um sorriso bobo.

Eu estou aqui. Não dou respostas.
Mesmo que ninguém queira me conhecer, me ver, me ouvir. Continuo aqui.

Quem quiser matar monstros comigo. Siga-me.


(Paul fez essa música para mim, para o Quixote, mesmo que ele não saiba)

21.4.08

dançando beatles

Amigas de infância. Ao som de Revolver e Abbey Road. Flash Back.

Não. Minha infância não foi na época dos garotos de Liverpool. Mas sim. Beatles é umas das coisas das quais sinto nostalgia. Sem ter vivido.

Mas ontem vivi. Duas amigas da época de colégio no palco. Uma Paul. A outra Harrison.

Dançando. Sentindo. Silenciosas.

O Reencontro é tão bonito dessa forma. Queria mais vezes encontrar pessoas que foram importantes em épocas da minha vida assim: dançando Beatles. No palco.

A vida tem seus intantes de felicidade.

E o espetáculo é uma graça. Como Beatles. Como elas.


Silenciosas em Revolver-Road (www. silenciosas.com)

18.4.08

o terror da página em branco

Hoje não sabia sobre o que queria dizer.

Ouvindo Anthony and the Johnsons e jogando Tetris.

Pensei.

Porque a gente se obriga a sempre fazer alguma coisa? Para escrever eu sempre tenho que ter uma opinião formada e uma idéia muito boa na cabeça?

Cenas que sempre me incomodaram: os malditos escritores amassando folhas e folhas de papel. Em busca de uma palavra. Que agonia. Aquela lixeira cheia de bolinhas brancas.

A palavra. A vida. É tão dificil deixar fluir. E ir. E ir...

Assim somos todos.

E de repente. Borboletas somos.

A cena da vida acontece. E foge. Foge de nossas mãos.

Fogem as palavras.

E ficamos voando.

Infinito.

15.4.08

o inferno de todos nós

Se tem um Inferno que é bom é esse. A primeira vez que assisti a peça "17xNelson, o inferno de todos nós", não pude coompreender porque aquilo era chamado de Inferno. Para mim era o Paraíso. O paraíso poder viver tão intensamente toda a obra do Nelson Rodrigues em uma peça só.

O Paraíso aquele cenário maravilhoso e aquele figurino deslumbrante.

Nesse inferno. Personagens Rodrigueanos descalços e com os pés feridos pelas chamas passeiam por você fazendo sentir-se um deles. Em ordem cronológica as peças são contadas e todas as fases do Nelson Rodrigues são claramente expostas. Uma verdadeira aula.

Não há como não ficar tentando adivinhar de que peça é cada cena. Se você já não sabe a ordem, claro. E o surpreendente é se deparar com um ciclo que não se fecha. Sabendo que "A Serpente", útima obra do dramaturgo, nos remonta a sua segunda e mais aclamada obra, "Vestido de Noiva". E a disputa entre irmãs. Dá vontade de pedir pra peça começar de novo. Bis.

A sensibilidade dos atores e do diretor emociona. O ponto mais surpreendente, para mim, é a cena do monólogo "Valsa nº6". Que eu já vi ser representada por duas atrizes, Anna Cecília Junqueira e agora, Fabiana Scaglioni. Muito lindas no papel.

Aliás. Já vi a peça pelo menos umas oito vezes, pessoas ficaram, pessoas se foram, pessoas mudaram de papel. E aquele Inferno continua único, e tão bonito, que sempre vale a pena. Por tudo.

Não é a toa que a peça entra e sai de cartaz desde 2005.

"Diabo diz: Toda a família tem um momento em que começa a apodrecer. Pode ser a família mais decente, mais digna do mundo. E lá um dia, aparece um tio pederasta, uma irmã lésbica, um pai ladrão, um cunhado louco. Tudo ao mesmo tempo." (trecho de 17xNelson)



Adilson e Luciana Azevedo - Toda Nudez Será Castigada (cena de 17xNelson)

Fica só até dia 04 de maio no Centro Cultural. (informações ao lado)

12.4.08

auto-ajuda é dom quixote



(ilustração de Salvador Dalí)



Uma vez. Emputecida com pessoas que gastam dinheiro comprando livros de auto-ajuda. Soltei: Se liga, auto-ajuda é Dom Quixote.

Sei que posso estar um pouco repetitiva no tema. Mas é o meu projeto querido. E. Sim. Um tema inesgotável. Uma vez li, não sei se são estatíticas verdadeiras, mas li. Que "O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha" é o segundo livro mais lido do mundo. O Primeiro é a Bíblia. Mas a minha Bíblia é Dom Quixote.

Já que falamos de auto-ajuda queria fazer uma pergunta clichê para mim mesma. Se você, Aline Baba, pudesse conhecer uma pessoa, viva ou morta, quem você escolheria? Cervantes. Não precisava nem falar com ele. Só abraçar. E dizer: muchas gracias.

As duas jornadas do nosso queridíssimo cavaleiro andante valem muito mais do que qualquer coisa nessa vida. Se até Dostoiéviski disse que o Dom Quixote é o resumo da vida. Quem sou eu para contestá-lo? Para contestar Dalí. Nietzche. Goethe.

As pessoas costumam procurar respostas em livros baratos. Mas as verdadeiras respostas estão dentro de nós mesmo. Como um livro pode ter a impáfia de ser classificado como auto-ajuda? As verdadeiras respostas estão em livros como Dom Quixote. Que fazem você descobrir sozinho quem você é. Sem dizer. Só sentir.

Sentir que: "O bonito era que estava de olhos fechados, porque realmente dormia sonhando andar em batalha com o gigante."

9.4.08

repouso alegre

Sair do ambiente hostil de São Paulo. Aqui temos que lutar todos os dias para que nosso trabalho seja reconhecido. Luta árdua. Muitas vezes em vão. Nessa loucura que é a nossa metrópole. Que respira teatro. Mas muitas vezes sufoca. Terra das oportunidades. De nenhuma. Experiência reconfortante.

Foi assim que eu, René e Octávio, representando a Cia. dos Imaginários, saímos pela estrada. Para encontrar. Em Pouso Alegre. Cidade mineirinha. Hospitalidade.

Imaginários que somos. Não imaginávamos. Aqui tanto tempo lutando por respostas. Lá. Pessoas se mobilizando pelo nosso trabalho. E assim, nosso "Cavaleiro da Triste Figura" pode pela primeira vez se esbaldar. Sem ter que matar nenhum monstro. Sem perder um dente sequer.

Pessoas agradecidas por estarmos lá querendo mostrar o nosso espetáculo. Trazendo cultura para uma terra tão carente dela. E as coisas foram acontecendo com tanta facilidade. Que, sem que percebêssemos. A proporção de tudo foi aumentando. E o Quixote talvez dê suas voltinhas de bicicleta pelo Teatro Municipal da cidade. Lindo. Diga-se de passagem.

"Acho que o Teatro Municipal é mais apropriado pro espetáculo" disse a doce Adaysa Fernandes, responsável pela infraestrutura da Univas, que junto com o colégio Anglo nos convidou para ir para lá. Sem saber. Que estávamos perplexos diante daquilo tudo. Calejados que somos.

Precisavam vocês serem mosquinhas para ver as nossas caras ao adentrarmos naquele teatro. É apropriado sim. É apropriado para o sonho de qualquer companhia. Sair de São Paulo. Ser bem recebido. E ver gente que se importa com o que você faz.

Eu apresentaria até na praça de Pouso Alegre.

Pois tenho certeza de que lá.

Quixote.

Estará bem longe dos leões.

6.4.08

caminhos cruzados

Cansei. Sentei. Chorei. Aceitei.

Que na ansiedade de ver o meu sonho dar certo. Esqueci. Esqueci de perceber que meu sonho não é o sonho de todo mundo. Cada um tem o seu. A única coisa a fazer é tentar se aliar às pessoas que, atrás dos seus sonhos, precisam do mesmo caminho.

Caminhos se cruzam. Mas cada um segue o seu. E é besteira insistir que eles fiquem sempre juntos. Porque um dia eles podem se separar de vez. Tenho que aprender a deixar as pessoas irem embora. Porque um dia. Se valer a pena. Nossos caminhos vão se cruzar novamente.

Os moinhos continuam atrapalhando o vento. Mas o vento insiste em ventar. Eu sou vento. Já escolhi meu caminho ao lado do meu Quixote. Sancho que sou. Sancho que fui. Sancho que serei.

Não importa quem eu encontre. Quem fique comigo. Quem fique para trás. Eu vou seguí-lo. Na direção do meu coração. Guardando com ele toda a dor e todas as alegrias de um caminho sem volta. Sempre em frente. Cruzando com quem tiver que cruzar.

3.4.08

o ameaçador orgão público - parte II

Feliz a cantar todo dia eu olho o site do Minc pra ver a quantas anda meu projeto. Hoje me deparei com uma mudança:

Situação: Aguarda complementação de documentos

Apavorei! Como assim? A mocinha não me elogiou e falou que estava tudo certinho?

Continuei clicando.

Providência tomada : Encaminhada carta, requerendo ao proponente, a complementação de documentos referente ao seu projeto cultural, conforme Portaria nº 4, de 26 de fevereiro de 2008

Ah tá! Que eu vou esperar chegar uma carta do correio para saber o que é. Eles realmente não conhecem Aline Baba, claro, não sou a Namoradinha do Brasil.

Continuei clicando ansiosamente.

A tal Portaria nº4.

Quer que eu leve, além da cópia do meu CPF e do meu RG. Exigências anteriores. Comprovante de Residência. Ok. Carteira de Motorista e Passaporte. Ei. Mas perá lá. Porque eu preciso levar minha carteria de motorista e passaporte? Será que é pra eu levar tudo isso, ou um ou outro? Porque na carteira de motorista tem CPF e RG. A não ser que eles estejam discriminado pessoas que andam de busão. O passaporte diz o que? As viagens que fiz. Os lugares por onde passei. Não se explica.

Vou ter que esperar a tal carta.

Mas. Porque a moça não me falou isso lá na hora? Se a Portaria nº4 tinha saído dois dias antes da minha ida. Não se explica tampouco.

Só sei que por causa de um comprovante de residência. Que eu até tinha lá comigo na hora . O meu projeto está parado.

E os Correios estão em greve.

Malditos.

Seu Rouanet, cada vez mais não gosto de você.
 
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