30.6.08

peter brook no tapa

Se você está sabendo só agora lendo meu blog que no próximo final de semana vai ter apresentação do Peter Brook, quatro peças curtas do Beckett, no Sesc Santana, desista. Você não vai ver nem sombra de um ingresso.

Sexta-feira. 14h. Os ingressos começeçaram a ser vendidos. Sexta-feira. 14:13h. Os ingressos estavam esgotados.

Eu não podia ir comprar. Abri algumas frentes de possibilidades. Amigos camuflados se instalaram em Sescs estratégicos da cidade. Antes das duas horas já tinham filas com senha. Em trincheiras, eles esperavam a vez de atacar. Um foi abatido. Outro tomou tiro na perna. Mas. Ufa. A Tenente Kedma, na região central, garantiu a vitória.

Bom. Pelo menos entramos no clima Beckettiano pós Segunda Guerra. Graças a Kedma eu tenho meu ingresso. Prometo contar aqui no Digitando como foi essa empreitada.

Aguardem.

26.6.08

tubaína zero

A banda Tubaína. A mais conhecidas das bandas desconhecidas. Coincidentemente eu a conheço porque namoro o vocalista. Está entrando agora numa fase light. Ops. Zero.

Cansados de tocar em bares soturnos. Respirando fumaça de cigarro e aguentando gente bêbeda quebrando garrafas no chão. Resolveram dar um tempo com o rock. Mas com o bom humor não.

Vocês devem estar se perguntando: Mas o que a banda do namorado dela tem a ver com o teatro? Acalmem-se. Sim. É um show de música. Mas as músicas são verdadedeiras esquetes. Com direito a pequenas performances. E. Garanto. Você vai rir. de piadas inteligentes.

Inspirados em bandas como Lingua de Trapo e Premê. Tubaína Zero. O novo projeto do Tubaína. Só não vai ter rock. Mas como eles mesmos dizem, é um show para curtir, sem preconceitos, metal, punk rock, hardcore, ska, surf music, rock-a-billy, MPB, jazz, samba-de-breque, chorinho e tango.

Esse sábado. Só perde quem quer.

informações no site http://www.tubaina.com.br/

24.6.08

projetos pra lá e pra cá

Hoje me encontro num mar de projetos. Quem acha que ser ator é só ir ao ensaio e chegar duas horas antes do espetáculo está muito enganado.

Por trás há um árduo trabalho para se conseguir realizar o intento. Páginas e páginas escritas com idéias, planos, estruturas, currículos, trabalhos anteriores, orçamentos e esperança. Digno de um bom administrador. Ainda bem que não faltei às aulas de contabilidade na faculdade.

Tudo isso para se conseguir um lugar ao sol. Um espaço para apresentar. Verba para realizar.

O orgulho de ver seu sonho impresso no papel não tem preço. Esse volume de páginas traz consigo uma esperança materializada. Alguém vai pegar. Alguém vai ler. Alguém vai gostar. E aquilo não vai evaporar como as palavras.

É como se um pedacinho da gente no palco estivesse ali. Seria tão bom se ao ler, a pessoa conseguisse vizualizar um pouquinho do amor com que aquilo foi realizado. É tão difícil tentar convencer alguém de que seu trabalho é bom antes dele ser visto. Dá medo. Mas é assim que acontece.

Afinal não podemos todos vestir nossos figurinos e sair pelos teatros afora. Tocando a campainha. Surpresa. Temos uma peça peça pra apresentar.

23.6.08

o ameaçador orgão público - a saga

Agora me emputeci.

Foi em fevereio. A primeira vez que estive no ministério da Cultura. Já passou quase meio ano. E nada.

Esse mês veio a esperança:

Providência tomada
13/06/2008 Pauta/Aguarda Reunião
Projeto incluído na pauta da 153ª reunião da CNIC à realizar-se em junho de 2008. 13/06/2008.


Pôxa. Agora vai.

Não foi.

Eles tinhas 700 projetos pra analisar. Analisaram 632. E o Quixote... Devia estar no fim da pilha. Deu preguiça. Não analisaram.

E eu fico aqui. Vomitando de ansiedade.

Maldizendo o Seu Rouanet sem parar.

Daqui a pouco o Quixote dá a volta ao mundo. E o Sr. Ministério da Cultura nem toma conhecimento.

17.6.08

lição de uma batalha quase perdida

Um cavaleiro andante não vence todas as batalhas.
Um cavaleiro andante é ignorado por muitos.
Um cavaleiro andante sobe em aindames quando ninguém mais o quer.

E assim Quixote passou por Mogi Guaçu. Em um teatro muito longe do ideal. Não pela suas instalações. Mas pela disposição das pessoas ali presentes. Eu nunca recomendaria o Centro Cultural dessa cidade. Que trata o elenco com patadas. Que manda um técnico de luz que não sobe em aindame. Que faz os atores subirem seis metros para afinar a luz.

O responsável nunca apareceu para nem ao menos cumprimentar. Varremos o palco sujo. Fizemos a peça com a nossa diginidade. Ao final. Uma mulher armário escurraçou a gente de lá. Mandando a gente carregar até tijolos. Com nojo da gente. Muito puta por estarmos ali ocupando aquele lugar.

Não Quixote. Não desanime. Você passou por truculentas dificuldades. Perdeu os dentes. Mas ali na platéia. Pequena que seja. Pela falta de empenho das pessoas em divulgar. Lá. Teve algumas pessoas que te olharam com cumplicidade. Jovens pessoas. Jovens alunos. Que de braços abertos te receberam. E se uma pessoa ficou tocada. Fez valer a pena.

Seguimos a batalha.

O vento não para.




(ciclo da vida, esperança - Quixote em Mogi Guaçu)

12.6.08

a neta do chaplin


Aurélia se moe.
Vira cinzas.
Renasce.
Como o avô eterno.

Se tem algo que é fato é que todo mundo queria ter um âvô como Charles Chaplin. Eu tinha que conferir de perto os frutos dessa família. O pai do clown. A pai do lúdico. Acho que meu maior ídolo.

Foi assim que me encaminhei esperançosa para o Sesc Vila Mariana. Afim de sentir ao vivo o sopro de Carlitos. E foi exatamente assim que eu me senti ao ver o espetáculo. De alguma forma ele estava lá personificado.

Sem dizer uma palavra. L'Oratória d'Aurélia disse tudo o que eu precisava saber. Que sim. Só é preciso sentir. Que o teatro pode ser feito de imagens e músicas. Bem construídas. E que. Mesmo sem aparentar qualquer sentido. Faz sonhar.

No mundo de Aurélia. O rato come o gato. As cortinas viram personagens e têm até filhotes. Os figurinos falam. Dançam sozinhos. E a interação com os objetos de cena é viceral.

E de repente você se emociona sem saber porque. Depois percebe que dois bailarinos dançando uma espécie de tango bizarro tem os pés "dez pras duas" como um certo vagabundo querido. Tudo aquilo tem um pouco de nossos sonhos. Um pouco de Carlitos. Um pouco de tudo que amamos.

Supreendente.

Como um trenzinho de brinquedo que solta fumaça e faz um buraco em nosso estômago para passar. Um tunél. Em círculos. A cortina despenca. E o trem não para de passar.

De cabeça para baixo?
A cortina eleva Aurélia e a pipa a empina.

9.6.08

ansiedade

Se há uma palavra perseguidora é essa. Mesmo quando tudo parece estar bem ela chega e arrasa. Como se escolher ser atriz trouxesse de brinde a ansiedade.

Ela chega porque nada acontece. Ela chega porque tudo acontece. Ela chega porque o novo está por vir. Ela chega porque não se sabe o que virá. E se virá...

Porque eu sei que sou atriz. Mas sustentar esse papel é uma tarefa bem difícil. Porque eu sei que sou o que não tem firmeza. Sou volátil. Vou e venho. E a única certeza é que nada é certo. Tão longe estou da matemática.

E essa angústia no meio do peito. Chorar. Sair correndo. Gritar. E querer que tudo aconteceça ao mesmo tempo. Tendo medo que desse tudo não se dê conta. E perder. Evaporar.

Às vezes me sinto como Carolina. Sem me dar conta do tempo passando pela janela. Outras vezes me sinto como se quisesse ser mais rápida que o tempo. Por isso que o tempo no palco me conforta. Porque é irreal. Corre conforme eu quero. Para. Vai.

Ansiedade.

Quero dormir.

Só acordar quando chegar lá.

5.6.08

quem aqui trabalha de graça?

Hoje é dia de protesto no Digitando Teatro. Talvez seja um pouco mal-educada. Mas, como diria alguém que eu muito conheço: Eu realmente não me importo.

Eu já falei, re-falei, berrei e até ilustrei para os mais desavisados. Ser ator é trabalho. Ser músico é trabalho. Ser artista é trabalho. Se é pra ter hobbie, com toda licença poética para Carla Perez, só se for de seda.

Portanto, caríssimos, a não ser que você seja convidado. NÃO. Não peça para entrar de graça. Se seu chefe pedisse pra você trabalhar sem ganhar aposto que não iria concordar. Esse péssimo hábito de querer conseguir "se divertir" de graça é um dos fatores que depreciam nossa profissão.

E concordemos que já existem meios suficientes para pagar menos em uma entrada de teatro. Afinal. O tenebroso ato de falsificar carteirinhas de estudante. Maior fator "ovo-galinha" da alta de ingressos. Já está devidamente difundido. E ainda que o circuito off de teatro nem é tão caro assim e muitas vezes dá desconto de meia-entrada inclusive para classe teatral.

Se você é nosso fã: pague. Só assim você realmente estará contribuindo para que o show possa continuar. Se eu deixar você entrar. Pode ser a última vez. E acho que ninguém quer que isso aconteça.

Cacilda Becker já disse.

Quem sou eu para desmentir?

"Não me peça de graça a única coisa que tenho pra vender"

Amém.

3.6.08

ilustre desconhecido

Esse último final de semana descobri um pequeno pedaço do Paraíso. Viajando despretensiosamente com meu namorado. Sem saber ao certo a importância do lugar para onde estávamos indo. Só queríamos comemorar nosso aniversário de namoro em um hotel bacana.

Me deparei então com a Fazenda Pinhal. Lugar incrível. E o mais impressionante. Um pedaço vivo de nossa história. Sim. É uma fazenda dos tempo do Café, que pertencia ao Conde de Pinhal. Patrimônio Histórico. Pasmem. Ainda produz café com o maquinário da época. Arrepiei ao ver aquilo funcionando...

E lá estava o Paulo e eu. Dormindo no quarto da Condessa do Pinhal. Respirando um pedaço da nossa história.

Refletir me fez muito. Nos muitos lugares desconhecidos por mim. E por muita gente. A História do Brasil é ainda muito pouco explorada. Lugares como esses, perdidos no Estado de São Paulo e por aí afora, deve ter aos montes. E se ninguém se der conta tudo isso vai se perder. No limbo.

Nossa Cultura é tratada como um nada. Nós mesmos não a damos o devido valor. E ficamos sofrendo. Sofrendo. Quando poderíamos saber da existência de um pequeno paraíso perdido no nosso caos.


Da janela do quarto da Condessa uma reflexão sobre nossa história e cultura:

PERDIDAS NA IMENSIDÃO.

 
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