7.11.08

na ponta do pé

E. De repente. Abro uma caixa e tiro minhas sapatilhas de ponta aposentadas há sete anos. Quando saí do Cisne Negro.

A última vez que elas subiram ao palco foi em um grande baile. A Viúva Alegre. Adorava aquela valsa. E adorava dançar. E adoro. Mas hoje não mais como era antes. Na ponta. Sofrendo. Por não ser magra o suficiente. Nem encostar a perna na orelha. Hoje eu danço. Feliz.

Mas a vida é engraçada. Nos faz tirar do báu sentimentos. Recordações. E objetos que guardamos com carinho. Achei que nunca mais ia colocá-las. E eis que elas irão surgir. Na morte da Ofélia. E eu fiquei feliz. Porque ninguém vai se importar se eu sou magra. Se eu tenho colo de pé. As pessoas vão se importar com a cena. Com o meu teatro. Com o significado daquilo.

E depois disso. Minhas pontas poderão se aposentar de verdade. Felizes.

Um comentário:

T. M. disse...

ainda nem vi a ponta e já sei que você rodopia tão bonito...

 
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