25.2.08

de dentro do latão de lixo

Beckett. Lata de Lixo. Beckett. Fim de Partida. Beckett. Nell.

Um presente que ganhei esse ano. Entrar no universo beckettiano não é fácil. Experiência de destruição. Condição desumana. Últimos sobreviventes de uma catastofre. A Guerra.

Eu fico ali. Dentro de um latão de lixo. Só escutando os personagens de uma história sem história. Que lutam por nada. Que vêem o tempo passar em um relógio parado no zero. O patético é engraçado. Mas incomoda. Sufoca.

Confinamento. Realmente me sinto uma mutilada. Lá sou a Nell. Lá não sou ninguém. Sou alguém. Choro. Dou risada.

Beckett e sua realidade brutal. Realidade sim. Realidade que vem à tona em uma situção tão irreal quanto possível. Difícil de explicar.

Não sei se prefiro o começo. O fim. O meio. Só sei que é bom estar ali. Apesar de tudo: Beckett pulsa vida.

Perla Frenda em "Fim de Partida" - foto: Marcelo Kahn

Um comentário:

Kedma Franza disse...

E a platéia delira de alegria. E não são lentes de aumento.

 
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