20.1.08

sobre a nuvem do processo criativo

Francis Bacon/auto-retrato


Uma das coisas mais intrigantes do trabalho de um artista é tentar imaginar como foi o processo que o fez chegar naquele resultado apresentado. Quando sou surpreendida por uma obra é sempre o que me vem a cabeça: como alguém pode ter pensado nisso?


Estou lendo o livro Entrevistas com Francis Bacon, pintor escocês, entrevistas essas feitas pelo crítico inglês David Silvester ao longo de 25 anos de convívio com o pintor. Uma das coisas que mais está me surpreendendo em tais entrevistas é perceber, com os depoimentos de Francis, que o processo criativo apesar de ser individual e tão subjetivo é ao mesmo tempo tão parecido para todos. Angustiante. Inédito. Surpreendente.



Eu sou atriz. Ele é pintor. Você é escritor.


Veja bem, nós temos uma intenção, mas o que realmente acontece é produzindo durante o trabalho, essa é a razão porque é tão difícil falar sobre isso. Realmente, é no trabalho que acontece. E a maneira como isso funciona depende realmente das coisas que acontecem. Enquanto trabalhamos, vamos seguindo qualquer coisa parecida com uma nuvem, que é feita de sensações e está dentro de nós, mas não sabemos realmente o que ela é. (F. Bacon)


Reconfortante. Nem o artista sabe exatamente como se chega ao resultado. Não racionalmente. A linguagem das sensações é tão dificil que as vezes achamos que ela é invisível. Mas ela está ali. De alguma forma. Surge. Explode. Arrasa.

Um comentário:

Anna Cecília Junqueira disse...

muito bacana pequena! adorei...e li também o Bacon e amei esse trecho do livro! Continue escrevendo!! Vou colocar seu link no meu blog. bjokas e vamos trocando vidas.

 
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